´Pega não! Se pegar, pega em todo mundo´

Movimento do centro de iLhéus nesta segunda-feira pela manhã
Maurício Maron

Todas as regulamentações para a reabertura gradual do comércio de Ilhéus buscam a proteção do cliente a partir da porta da loja. Explica-se: é na porta que um funcionário estará esperando o cliente com álcool em gel, com fila limitando o acesso e por aí vai. A questão é que o problema maior não está lá. Está na rua. Hoje, em plena segunda-feira, o centro de Ilhéus fervilhava pela manhã. Lojas funcionavam, camelôs atuavam, bancos faziam fila, pessoas circulavam. Com e sem máscara.

O testemunho de um repórter do Jornal Bahia Online que precisou ir ao centro nos trouxe a esse editorial. Ele presenciou a seguinte conversa:

- Põe a máscara – gritou uma pessoa que percebeu que outra circulava sem a proteção.

- Pega não. Se pegar, pegou. Pega em mim e pega em todo mundo - respondeu o rapaz, aos gritos e às gargalhadas.

Adiante, um outro fazia uma ligação de celular, falando para quem estava do outro lado da linha: "p... véi, tá uma loucura o centro".

Se a quantidade de pessoas o impressionava, faltou-lhe o cuidado de usar uma máscara que pudesse lhe proteger da multidão.

A verdade é que se o comércio está preparado para receber o consumidor, uma parte da população ainda não esteja preparada para voltar às ruas com o cuidado que o momento ainda exige.

É lamentável que para uma parte dela falte o olhar cidadão, do cuidado com o outro. Mas esperar o que de quem não tem cuidado com consigo mesmo?

Também é importante destacar que a Prefeitura de Ilhéus apenas iniciou a reabertura gradual e que, pelo menos, mais duas etapas serão colocadas em prática, ainda.

Isso, naturalmente, aumentará o movimento das ruas. Levará mais gente para espaços públicos e com uma parte dela totalmente despreparada para conviver com esta nova Era que, por certo, teremos que "enfrentar" a partir de agora.

É triste constatar tudo isso.

É triste testemunhar a falta de cidadania.